Almir é entrevistado
UOL Notícias - Como foi o primeiro encontro com o Google?
Almir - Um dia estava passando na frente da sede do Google, em São Francisco [nos Estados Unidos], e pensei em ter uma conversa com eles. Convenci meu amigo Vasco van Roosmalen [presidente da Equipe de Conservação da Amazônia - ACT Brasil] a marcar uma entrevista. Ficamos duas horas conversando com a equipe do Google, expondo nossas ideias. Falei da nossa terra, das ideias que tínhamos para manter a floresta em pé e do quanto isto era importante para o equilíbrio do nosso planeta. Falei também de como o Google poderia nos ajudar a envolver o mundo inteiro na defesa da floresta e da cultura do meu povo. Logo depois eles vieram a nossa terra para fazer a capacitação do nosso pessoal. Foi muito bom.
UOL Notícias – E qual foi o resultado dessa parceria?
Almir - Conseguimos dar visibilidade ao problema de invasão e roubo de madeira na terra indígena e também às nossas atividades culturais. Hoje, a tecnologia contribui para que tenhamos comunicação com o mundo inteiro e possamos expor nossas propostas.
UOL Notícias - Os suruí estão hoje capacitados para usar essa tecnologia?
Almir - Uma boa parte dos jovens sim. Eles já fazem filmagens, usam o GPS na defesa do território, usam blog, Messenger, Orkut, Facebook, enfim, estão conectados com o mundo todo.
UOL Notícias - Quais são os principais problemas enfrentados pelos índios da tribo Suruí hoje em dia?
Almir - Estamos com invasão de madeireiros que estão usando armas pesadas para intimidar o nosso povo. Temos problemas de saúde por falta de atendimento da Secretaria de Saúde Indígena. A educação é precária, desde a falta de material didático apropriado que respeite a cultura, que seja bilíngue, e atendimento ao ensino médio e superior, que não existem nas aldeias. A Funai [Fundação Nacional do Índio] é falha na proteção da terra indígena, pois não fiscaliza, e quando o faz vai a onde não tem problema, só para dizer que fiscalizou. Temos indígenas ameaçados de morte por madeireiros que roubam madeira ilegal.
Fonte: UOL Notícia
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