segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Portal Web Brasil Indígena

"Usando como principal ferramenta o software livre, o portal Web Brasil Indígena foi criado com a finalidade de promover a inclusão e já começa a atingir as comunidades indígenas espalhadas por todo o país. A tecnologia do software livre foi adotada porque “era mais interessante e colaborativa”, disse no dia 10 de setembro Anápuáka Muniz Tupinambá Hã hã hãe, índio da etnia Tupinambá, ao participar do Encontro de Negócios em Software Livre, no Info Rio 2009 - 7º Encontro Nacional de Tecnologia e Negócios. O evento é promovido pelo Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro (Seprorj).

Coordenador-geral de tecnologia da informação e comunicação (TIC) do Web Brasil Indígena, Anápuáka Muniz afirmou que os resultados iniciais são promissores, embora tenha salientado que para incluir é preciso que haja a parceria do governo.

O portal utiliza os pontos de acesso à internet disponibilizados pelo governo federal nas aldeias. 'Isso é um primeiro ponto para a gente: poder utilizar essa tecnologia'. O portal usa as ferramentas de mídia do software livre e promove sua adaptação e flexibilização às etnias indígenas”.

De modo geral, Muniz disse que os índios têm confiança apenas em profissionais também indígenas. 'Porque você colocar tecnologia em um local onde as pessoas não estão acostumadas, é uma questão de confiança. Quando um indígena leva, ele é parente, é responsável, porque não vai levar nada que destrua. Então, a nossa visão é cultural mesmo, de sustentabilidade, porque ele tem que ganhar dinheiro, mas está levando a cultura delepara a sociedade, porque está gerando conteúdo.'

Por meio do portal, os indígenas são apresentados ao lado bom das tecnologias, disse Muniz. Eles escolhem as mais adequadas. 'Essa é a nossa visão'. O projeto não conta com apoio governamental, lastimou Anápuáka Muniz. 'Precisamos ter. A gente não tem uma grande plantação. Mas, faz a nossa hortinha e ela está dando bons frutos'.

Ele pretende levar o pleito às autoridades federais. Para isso, procura participar de todos os eventos relacionados à tecnologia da informação. 'Até para eles poderem enxergar a gente. Não é só chegar lá batendo na porta com uma ideia na cabeça. É mostrar que a gente já está mudando e está levando resultados já presentes. Espero que o governo venha olhar para a gente, sim, com uma boa participação'.

O Web Brasil Indígena gera conteúdo étnico e de mídia em todas as áreas, com a meta de mostrar à sociedade o passado, presente e futuro dos indígenas brasileiros. A idéia é mostrar mais conteúdo para o povo brasileiro, afirmou Anápuáka Muniz. No portal, também é possível ter acesso à cultura indígena contemporânea, por meio da rede social Aldeia Brasil Indígena, além de material para pesquisadores e estudantes indígenas no blog Acadêmico WBI".

Fonte: Inclusão Digital - Governo Federal
Os índios e o Arco Digital


"Um grupo formado por mais de dez povos nativos decidiu se unir para colocar em prática uma idéia em comum. Formar uma rede digital para falar não apenas de suas culturas, mas do mundo além de suas terras. O resultado pode ser conferido no conteúdo produzido coletivamente pelas aldeias, disponível no portal eletrônico da rede virtual Índios On Line (www.indiosonline.org.br). Parte desse processo está registrada agora nas páginas do livro "Arco Digital", lançado nesta quinta-feira (8), na TEIA, em Belo Horizonte. Entre debates e cantos tradicionais, índios e público trocaram idéias e informações sobre o trabalho desenvolvido na rede digital.

Sediado na Bahia, o projeto já existe desde 2002 e foi conveniado como Ponto de Cultura em 2004. De acordo com o pankararu pernambucano Alexandre dos Santos, coordenador da rede Índios On Line, o início não foi nada simples. Os obstáculos, segundo ele, começaram na própria aldeia. 'No começo, as comunidades ficaram assustadas'. Mas a possibilidade de autonomia acabou convencendo a tribo. 'No portal e nos livros, somos nós os pesquisadores, os repórteres, os fotógrafos, os historiadores'.

Em entrevista realizada através do chat disponível no portal, Ivana Cardoso, diretora-executiva da ONG Thydewas, instituição que idealizou o projeto, explica o título do livro e comenta os impactos das novas tecnologias no mundo indígena. Para ela, o arco hoje precisa ser digital. 'Antigamente os índios usavam o arco e flecha para caçar, hoje nossa caçada é virtual', diz. A internet abriu as portas do mundo para os indígenas, prossegue a diretora, possibilitando uma infinidade de trocas interculturais. Um diálogo que pode prestar outros serviços relevantes, como minimizar o preconceito que ainda existe em relação aos indígenas, afirma a diretora. 'O índio continua muito discriminado e nos mostrar ao mundo é uma forma de combatermos essa realidade'. Ivana observa que a internet está colaborando para o desenvolvimento das comunidades. 'Estamos conseguindo vários benefícios para as aldeias por meio de projetos divulgados na rede', conta.

(Por: Carlos Minuano - 100canais)

Fonte: Observatório do direito à comunicação